Transtorno de Ansiedade Social ou Fobia Social

Os transtornos de ansiedade incluem os transtornos de ansiedade de separação, fobia específica, transtorno de ansiedade social ou fobia social, transtornos do pânico e transtorno de ansiedade generalizada, cujas características principais incluem medo e ansiedade excessivos (APA – DSM V, 2014). Esses transtornos se diferenciam entre si em função do objeto ou situações que induzem o medo ou ansiedade.

Qual a diferença entre medo e ansiedade?

“Medo é uma resposta emocional a uma ameaça iminente real ou percebida, enquanto ansiedade é a antecipação de ameaça futura”. Há, no entanto, tanto uma sobreposição desses dois estados quanto uma diferenciação entre eles. O medo está associado mais frequentemente ao aumento da resposta autonômica, que é uma resposta involuntária do corpo (por exemplo, aumento da frequência e pressão cardíaca, dilatação dos brônquios, sudorese aumentada entre outros) que se faz necessária para a resposta de luta-ou-fuga, enquanto a ansiedade está associada a tensão muscular e vigilância para preparar para o perigo futuro.

Especificamente, o transtorno de ansiedade social caracteriza-se por um medo intenso e marcante de situações sociais nas quais a pessoa pode ser avaliada pelos outros. A pessoa teme ser avaliada negativamente – por exemplo, ser considerada chata, fraca ou idiota – e os medos também podem estar relacionados ao desempenho que são frequentemente relacionados à sua vida profissional (por exemplo, falar em público ou fazer uma apresentação em reuniões ou aulas) e assim, ser considerada incompetente ou incapaz.

O transtorno de ansiedade social é considerado como um dos transtornos mentais mais prevalentes, ocasionando altos custos econômicos. As pessoas com esse transtorno relatam dificuldades psicossociais com consequências significativas para sua vida, por exemplo, diminuição da produtividade, risco de abandono escolar ou laboral, isolamento, evitação de situações sociais, entre outras. Além disso, pode haver comorbidades associadas, isto é, há risco aumentado para outros transtornos mentais, tais como depressão e uso de substâncias.

A etiologia (causa) é multifatorial, isto é, fatores genéticos e ambientais podem estar envolvidos. O aparecimento do quadro inclui um somatório de fatores, desde neurobiológicos, psicológicos, condicionamento, aprendizagem e experiências de vida.

Para o modelo cognitivo-comportamental, o aspecto central da fobia social é a preocupação em causar uma impressão favorável nos outros e uma insegurança grande em relação à própria capacidade em alcançar esse objetivo (Picon & Penido, 2011). As situações sociais são percebidas como perigoras e os indivíduos com fobia social acreditam que se comportarão de forma inadequada e consequentemente serão rejeitados.

O diagrama a seguir exemplifica como isso funciona do ponto de vista cognitivo:
Situação social –> perigo (ansiedade antecipatória) –> desencadeamento dos sintomas de ansiedade (alterações fisiológicas, afetivas, comportamentais e cognitivas – essas alterações tem a função de proteger o indivíduo, isto é, como se ele realmente tivesse correndo perigo e tivesse que se defender) –> esses sintomas de ansiedade são percebidos como novas ameaças e interpretados (pensamentos disfuncionais) como perigosos –> como consequência evitam as situações sociais.

Tratamento

Vários métodos de psicoterapia estão disponíveis para o tratamento do transtorno de ansiedade social, mas a terapia cognitivo-comportamental (TCC) é atualmente considerada o tratamento de primeira linha. A TCC tem como meta reduzir pensamentos disfuncionais, emoções e comportamentos e estabelece novos comportamentos adaptativos alternativos.

O principal obejtivo da terapia é a diminuição da ansiedade antecipatória – sintomas fisiológicos e cognições negativas. Esse processo tem como meta a diminuição da evitação das situações sociais.

O processo psicoterápico envolve além de uma boa relação terapêutica outros princípios funcamentais na TCC, tais como, avaliação constante da intervenção, aplicação de técnicas cognitivo-comportamentais para acesso aos pensamentos automáticos disfuncionais (cognições) e “tarefas” que auxiliam atingir os objetivos da terapia. Muitas vezes um tratamento farmacológico combiando se faz necessário. A taxa de remissão varia entre 50 e 80%.

Para os pacientes que não estão interessados em psicoterapia ou para quem a psicoterapia não é acessível, os inibidores seletivos da recaptação da serotonina são a farmacoterapia de primeira linha.

American Psychological Association (2014). Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais
Picon, P. & Penido, M. A. (2011). Terapia cognitivo-comportamental do transtorno de ansiedade social. In. Bernard Rangé et al. Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a psiquiatria (pp.269-298)

Autora: Profa Dra Neide A Micelli Domingos – CRP – 06/11064

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