A 1ª Jornada de Neuropsicologia do Oeste Paulista tem a missão de de focar a relação entre Cérebro e Comportamento.
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Neuropsicólogos, Psicólogos, Neurologistas, Educadores, Fonoaudiólogos, estudantes e demais profissionais da nossa região terão a a oportunidade de aprimorar seus conhecimentos e se aprofundarem nos avanços da saúde e educação.
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Os temas da Jornada abordarão discussões atuais sobre as intervenções em Transtornos da Aprendizagem, sobre o desenvolvimento infantil, as nuances neuropsicológicas do Transtorno do Espectro Autista e por fim novidades em Neuropsicologia.
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Criar um evento que contribua para avanços na área da Neuropsicologia será nosso compromisso em parceria com a Sociedade Brasileira de Neuropsicologia.
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Faça parte dessa história no dia 01 de Junho de 2019.
O que é Neuropsicopedagogia?
O entendimento sobre os processos cerebrais é cada vez mais preciso e acertado. Há mais de cem anos que os pesquisadores buscam aprimorar seus estudos sobre o cérebro humano, e, atualmente, já se pode afirmar que temos excelentes conhecimentos nessa área.
E é claro que a Educação se beneficia dessas descobertas, pois é um campo que lida inevitavelmente com as particularidades do cérebro humano, principalmente no que se refere aos estímulos da aprendizagem. São das funções cerebrais que vem as respostas para muitas indagações da Pedagogia. Por isso, as Neurociências têm muito a acrescentar a diversas áreas do conhecimento, e é dessa fusão que surgiu a Neuropsicopedagogia. E então o que é neuropsicopedagogia?
De modo geral, diz-se que neuropsicopedagogia é uma ciência que estuda o sistema nervoso e sua atuação no comportamento humano, tendo como enfoque a aprendizagem. Para isso, a Neuropsicopedagogia busca relações entre os estudos das neurociências com os conhecimentos da psicologia cognitiva e da pedagogia. Sendo assim, essa é uma ciência transdisciplinar que estuda a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana.
Como atua o Neuropsicopedagogo?
Podemos dizer que neuropsicopedagogo é o profissional que vai integrar o conhecimento adequado do funcionamento do cérebro, para melhor entender a forma como esse cérebro recebe, seleciona, transforma, memoriza, arquiva, processa e elabora todas as sensações captadas pelos diversos elementos sensoriais para, a partir desse entendimento, poder adaptar às metodologias e técnicas educacionais a todas as pessoas e, principalmente, aquelas com características cognitivas e emocionais diferenciadas.
Esse profissional tem que estar em busca constante dos necessários conhecimentos sobre os transtornos neurológicos, psiquiátricos e distúrbios existentes, para desenvolver um trabalho de acompanhamento pedagógico, cognitivo e emocional das pessoas que apresentem essas sintomatologias. O profissional de neuropsicopedagogia, portanto, é um dos elementos mais importantes para desenvolver e estimular novas “sinapses”, para um verdadeiro processo de ensino aprendizagem.
A Neuropsicopedagogia Clínica aos poucos vem conquistando espaço no território brasileiro surgindo como uma nova área do conhecimento e pesquisa na atuação interdisciplinar, abarcando conhecimentos neurocientíficos e tendo seu foco nos processos de ensino aprendizagem. O trabalho é com atividades que avaliam e intervêm nos processos de aprendizagem procurando obter informações de todas as ciências.
O curso de Neuropsicopedagogia Clínica tem como objetivo proporcionar aos profissionais da área da Educação e Saúde, com prioridade aqueles que estão no exercício clínico e que atuam em instituições pública e particulares, a apropriação do conhecimento geral e específico sobre o desenvolvimento e o processo de aprendizagem das crianças com problemas de desenvolvimento e aprendizagem.
Referência
http://posfg.com.br/neuropsicopedagogia-clinica-institucional-hospitalar/
http://www.jornalfolhadosul.com.br/noticia/2013/02/19/o-que-e-neuropsicopedagogia-
Autora: Profa Dra Karina Kelly Borges – CRP – 06/56796-4
Transtorno de Ansiedade Social ou Fobia Social
Os transtornos de ansiedade incluem os transtornos de ansiedade de separação, fobia específica, transtorno de ansiedade social ou fobia social, transtornos do pânico e transtorno de ansiedade generalizada, cujas características principais incluem medo e ansiedade excessivos (APA – DSM V, 2014). Esses transtornos se diferenciam entre si em função do objeto ou situações que induzem o medo ou ansiedade.
Qual a diferença entre medo e ansiedade?
“Medo é uma resposta emocional a uma ameaça iminente real ou percebida, enquanto ansiedade é a antecipação de ameaça futura”. Há, no entanto, tanto uma sobreposição desses dois estados quanto uma diferenciação entre eles. O medo está associado mais frequentemente ao aumento da resposta autonômica, que é uma resposta involuntária do corpo (por exemplo, aumento da frequência e pressão cardíaca, dilatação dos brônquios, sudorese aumentada entre outros) que se faz necessária para a resposta de luta-ou-fuga, enquanto a ansiedade está associada a tensão muscular e vigilância para preparar para o perigo futuro.
Especificamente, o transtorno de ansiedade social caracteriza-se por um medo intenso e marcante de situações sociais nas quais a pessoa pode ser avaliada pelos outros. A pessoa teme ser avaliada negativamente – por exemplo, ser considerada chata, fraca ou idiota – e os medos também podem estar relacionados ao desempenho que são frequentemente relacionados à sua vida profissional (por exemplo, falar em público ou fazer uma apresentação em reuniões ou aulas) e assim, ser considerada incompetente ou incapaz.
O transtorno de ansiedade social é considerado como um dos transtornos mentais mais prevalentes, ocasionando altos custos econômicos. As pessoas com esse transtorno relatam dificuldades psicossociais com consequências significativas para sua vida, por exemplo, diminuição da produtividade, risco de abandono escolar ou laboral, isolamento, evitação de situações sociais, entre outras. Além disso, pode haver comorbidades associadas, isto é, há risco aumentado para outros transtornos mentais, tais como depressão e uso de substâncias.
A etiologia (causa) é multifatorial, isto é, fatores genéticos e ambientais podem estar envolvidos. O aparecimento do quadro inclui um somatório de fatores, desde neurobiológicos, psicológicos, condicionamento, aprendizagem e experiências de vida.
Para o modelo cognitivo-comportamental, o aspecto central da fobia social é a preocupação em causar uma impressão favorável nos outros e uma insegurança grande em relação à própria capacidade em alcançar esse objetivo (Picon & Penido, 2011). As situações sociais são percebidas como perigoras e os indivíduos com fobia social acreditam que se comportarão de forma inadequada e consequentemente serão rejeitados.
O diagrama a seguir exemplifica como isso funciona do ponto de vista cognitivo:
Situação social –> perigo (ansiedade antecipatória) –> desencadeamento dos sintomas de ansiedade (alterações fisiológicas, afetivas, comportamentais e cognitivas – essas alterações tem a função de proteger o indivíduo, isto é, como se ele realmente tivesse correndo perigo e tivesse que se defender) –> esses sintomas de ansiedade são percebidos como novas ameaças e interpretados (pensamentos disfuncionais) como perigosos –> como consequência evitam as situações sociais.
Tratamento
Vários métodos de psicoterapia estão disponíveis para o tratamento do transtorno de ansiedade social, mas a terapia cognitivo-comportamental (TCC) é atualmente considerada o tratamento de primeira linha. A TCC tem como meta reduzir pensamentos disfuncionais, emoções e comportamentos e estabelece novos comportamentos adaptativos alternativos.
O principal obejtivo da terapia é a diminuição da ansiedade antecipatória – sintomas fisiológicos e cognições negativas. Esse processo tem como meta a diminuição da evitação das situações sociais.
O processo psicoterápico envolve além de uma boa relação terapêutica outros princípios funcamentais na TCC, tais como, avaliação constante da intervenção, aplicação de técnicas cognitivo-comportamentais para acesso aos pensamentos automáticos disfuncionais (cognições) e “tarefas” que auxiliam atingir os objetivos da terapia. Muitas vezes um tratamento farmacológico combiando se faz necessário. A taxa de remissão varia entre 50 e 80%.
Para os pacientes que não estão interessados em psicoterapia ou para quem a psicoterapia não é acessível, os inibidores seletivos da recaptação da serotonina são a farmacoterapia de primeira linha.
American Psychological Association (2014). Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais
Picon, P. & Penido, M. A. (2011). Terapia cognitivo-comportamental do transtorno de ansiedade social. In. Bernard Rangé et al. Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a psiquiatria (pp.269-298)
Autora: Profa Dra Neide A Micelli Domingos – CRP – 06/11064
O que é, e o que trata a Neuropsicologia
Se você está em busca de mais conhecimento sobre o que é, e o que trata a Neuropsicologia, essa é uma das nossas especialidades aqui no IPECS.
Segundo Luria (1981), a Neuropsicologia é a área específica da Psicologia que tem como objetivo peculiar a investigação do papel de sistemas cerebrais individuais em formas complexas de atividades mentais.
Luria acreditava que o propósito da Neuropsicologia era:” …generalizar ideias modernas concernentes à base cerebral do funcionamento complexo da mente humana e discutir os sistemas do cérebro que participam na construção de percepção e ação, de fala e inteligência, de movimento e atividade consciente dirigida a metas.” (Luria,1981, p. 4).
Segundo Andrade & cols. (2004), sua criação deu-se a partir da convergência de várias ciências como, por exemplo: a Psicologia experimental, destacando a importância do estruturalismo (Wundt), funcionalismo (James) e behaviorismo (Watson e Skinner), com a Neurologia focada nas alterações comportamentais e a fisiologia.
A Psicologia experimental buscava a compreensão dos comportamentos humanos, das diversas formas de aprendizagem e das estruturas cerebrais responsáveis pelas funções cognitivas. A Neurologia das alterações comportamentais, por sua vez, buscava compreender como as lesões cerebrais se relacionavam com o funcionamento das cognições e dos comportamentos dos sujeitos.
Além de elucidar os mecanismos de ação por traz das funções cognitivas e dos comportamentos, a Neuropsicologia tem um papel clínico bem definido que é o de atuar no diagnóstico e consequente estabelecimento de programas reabilitatórios para indivíduos com qualquer tipo de sequela neuronal e disfunções cerebrais.
O papel do Neuropsicólogo
Agora que você já sabe o que é a Neuropsicologia, vamos saber o que a Neuropsicologia trata.
O Neuropsicólogo é um profissional que atua em diversas instituições, desenvolvendo atividades como diagnóstico, reabilitação, orientação à família e trabalho em equipe multidisciplinar. Os principais locais onde o Neuropsicólogo é requisitado incluem: instituições acadêmicas (pesquisa, docência), hospitais (avaliações pré e pós-cirúrgica), juizados (avaliação e perícias), clínicas (avaliação, reabilitação e pesquisa), consultórios privados e atendimentos domiciliares (reabilitação).
Além disso, fornece dados objetivos e formula hipóteses sobre o funcionamento cognitivo, atuando como auxiliar na tomada de decisões de profissionais de outras áreas, fornecendo dados que contribuam para as escolhas de tratamento medicamentoso e cirúrgico.
Em 2004 o Conselho Federal de Psicologia reconheceu a Neuropsicologia como especialidade da Psicologia (Resolução CFP Nº 002/2004), com isso algumas diretrizes sobre a Neuropsicologia foram escritas pela primeira vez de forma reconhecida por um órgão regulador do Psicólogo Brasileiro.
Segundo o CFP existem 3 campos de atuações que são fundamentais na profissão do Neuropsicólogo:
1. Diagnóstico
Através do uso de instrumentos (testes, baterias, escalas) padronizados para avaliação das funções cognitivas, o Neuropsicólogo irá pesquisar o desempenho de habilidades como atenção, percepção, linguagem, raciocínio, abstração, memória, aprendizagem, habilidades acadêmicas, processamento da informação, visuoconstrução, afeto, funções motoras e executivas. Esse diagnóstico tem por objetivo poder coletar os dados clínicos para auxiliar na compreensão da extensão das perdas e explorar os pontos intactos que cada patologia provoca no sistema nervoso central de cada paciente. A partir desta avaliação Neuropsicológica é possível estabelecer tipos de intervenção, de reabilitação particular e específica para indivíduos e/ou grupos de pacientes com disfunções adquiras ou não, genéticas ou não, primariamente neurológicas ou secundariamente a outros distúrbios (Psiquiátricos).
2. Tratamento (Reabilitação)
Com o diagnóstico em mãos é possível realizar as intervenções necessárias junto aos pacientes, para que possam melhorar, compensar, contornar ou adaptar-se às dificuldades.
Essas intervenções podem ser no âmbito do funcionamento cognitivo, ou seja, no trabalho direto com as funções cognitivas (memória, linguagem, atenção, etc.) ou com um trabalho muito mais ecológico, no ambiente de convivência do paciente, junto de seus familiares, para que atuem como coparticipantes do processo reabilitatório; junto a equipes multiprofissionais e instituições acadêmicas e profissionais, promovendo a cooperação na inserção ou reinserção de tais indivíduos na comunidade quando possível, ou ainda, na adaptação individual e familiar quando as mudanças nas capacidades do paciente forem mais permanentes ou de longo prazo.
3. Pesquisa
A pesquisa em Neuropsicologia envolve o estudo de diversas áreas, como o estudo das cognições, das emoções, da personalidade e do comportamento sob o enfoque da relação entre estes aspectos e o funcionamento cerebral. Para tais pesquisas o uso de testes Neuropsicológicos é um recurso utilizado, para assim ter um parâmetro do desempenho do paciente nas determinadas funções que estão sendo pesquisadas.
Atualmente o uso de drogas específicas, para estimulação ou inibição de determinadas funções, tem sido usada com frequência para observar o comportamento e o funcionamento cognitivo dos sujeitos em dadas situações.
Outra técnica que muito tem contribuído nas Neurociências e com grande especificidade na Neuropsicologia é o uso de neuroimagem funcional por Ressonância Magnética (fMRI) e tomografia funcional por emissão de pósitrons (PET-CT) que permitem mapear determinadas áreas relacionadas a atividades específicas, como por exemplo recordação de listas de palavras durante o exame. Portanto, fica claro que a Neuropsicologia é um campo de trabalho e de pesquisa emergente, tanto para a Psicologia, quanto para as Neurociências, avançando e contribuindo de forma única para a compreensão do modo como pensamos e agimos no mundo.
Referências
ANDRADE, V.M., SANTOS, F.H., BUENO, O.F.A. (2004). Neuropsicologia Hoje. São Paulo: Artes Médicas.
CFP – Conselho Federal de Neuropsicologia. (2004). Resolução nº 2 / 2004
Reconhece a Neuropsicologia como especialidade em Psicologia para finalidade de concessão e registro do título de Especialista. http://www.pol.org.br/legislacao/doc/resolucao2004_2.doc. Brasília.
Gil, R. (2002). Neuropsicologia (2ª. ed.). São Paulo: Santos.
LURIA, A.R. Fundamentos de Neuropsicologia. (1981). São Paulo: EDUSP.
RIVIERO, Thiago Strahler, em 21 de Abril de 2007 in Neuropsicologia e Ciência Cognitiva
Autora: Prof.ª Dra. Karina Kelly Borges – CRP – 06/56796-4